Estudo realizado na Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, de Campinas, revela que medicamento tem ação reduzida em fumantes. A pesquisa utilizou o antibiótico Metronidazol, receitado no tratamento de doenças periodontais e ginecológicas, entre outras.
No 24º ano em que se instituiu o Dia Nacional de Combate ao Fumo (23 de agosto), uma pesquisa do curso de Odontologia da Faculdade São Leopoldo Mandic, com sede em Campinas, reforça a lista de males causados pelo tabagismo. Considerado pela OMS – Organização Mundial de Saúde – fator de risco para mais de 50 doenças e responsável por 200 mil mortes por ano no Brasil, o estudo comprova que o cigarro pode afetar de forma negativa a atuação de antibióticos e interferir na eficácia do tratamento proposto.
A pesquisa será apresentada pela cirurgiã-dentista, graduada pela Faculdade São Leopoldo Mandic, Fabiana Pinchetti Nolasco, no Congresso Mundial de Odontologia que será realizado em outubro, nos Estados Unidos. Ela representará o Brasil no Student Clinician Award, dentro do evento, patrocinado pela ADA (American Dental Association)
O estudo foi apresentado na 26ª Reunião da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, maior evento de pesquisa em odontologia do Brasil, em setembro do ano passado, em Águas de Lindóia, e conquistou a primeira posição na categoria Pesquisador Iniciante em Odontologia.
A conclusão da pesquisa aponta que para compensar a redução do efeito do medicamento no organismo, dentistas e médicos precisariam ministrar doses maiores do remédio para os pacientes fumantes. A nova dosagem implica, porém, no risco de potencializar também os seus efeitos colaterais, como alteração de paladar e diarréia, entre outros problemas.
A pesquisa avaliou a biodisponibilidade – quantidade efetiva do medicamento – do antibiótico Metronidazol em pacientes fumantes, normalmente receitado em casos de tratamentos de doenças periodontais, como gengivite e periodontite, além de tratamentos ginecológicos, entre outros. “Planejamos fazer novas pesquisas que envolvam outros grupos de remédios, que também causam esse problema”, informa Juliana Cama Ramacciato, professora da São Leopoldo Mandic e uma das orientadoras da pesquisa.
O estudo, realizado em parceria com a área de Farmacologia da Faculdade de Odontologia da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas -, destaca que o cigarro pode interferir na ação do Metronidazol no organismo de fumantes, o que significa a alteração de sua metabolização e uma possível interferência na eficácia do tratamento de doenças com o uso deste medicamento. “É normal uma parte do medicamento ser perdida antes de ser utilziada. Mas, o efeito do cigarro reduz ainda mais a quantidade do medicamento absorvida pela organismo, quando ministrado via oral”, acrescenta Juliana.
Metodologia
Os pesquisadores selecionaram um grupo de pessoas que fumavam 20 cigarros por dia e um grupo de não fumantes. “O objetivo foi analisar a concentração do Metronidazol na corrente sanguínea e na saliva antes, durante e após a ingestão do medicamento nestes pacientes, para verificar se o hábito de fumar diminui as concentrações normalmente atingidas pelo antibiótico testado”, explica Rogério Heládio Lopes Motta, professor da São Leopoldo Mandic e responsável pelo estudo.
Fonte : Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic
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