Todo tratamento ortodôntico tem uma recidiva, ou seja, após meses ou anos de tratamento ortodôntico, os dentes encontram-se prontos para se movimentar, aguardando apenas um estímulo, uma força qualquer para que haja ativação das células responsáveis pela remodelação do osso ao redor da raiz e o dente “ande”. Isso perdura por meses ou anos também após a remoção do aparelho fixo e costuma ser proporcional a quanta movimentação aconteceu.
Para minimizar este efeito indesejável do tratamento, depois da remoção do aparelho fixo, lançamos mão de um recurso passivo (não aplica força) que pode ser fixo ou removível para manter os dentes mais próximos do resultado obtido quanto for possível: a contenção. Digo isso, porque em todo tratamento ortodôntico acontecem pequenas alterações pós-tratamento, tecnicamente chamadas de ajuste fisiológico.
Um bom aparelho de contenção limita este ajuste fisiológico para que o mesmo não influencie no resultado final. Observe que este aparelho limita a movimentação excessiva e não “trava” os dentes.
O não uso de contenção pós-tratamento envolve muitos riscos, principalmente se a causa do problema ortodôntico estiver relacionada a problemas fonoaudiológicos (má posição de língua, ausência de vedamento labial, deglutição atípica) que não foram resolvidos antes ou durante o tratamento ortodôntico. Neste caso especificamente, os problemas voltarão com o tempo, talvez não na mesma intensidade de antes, mas voltarão com certeza.
O tempo de contenção também é outro tópico polêmico, pois a literatura especializada preconiza uma série de protocolos diferentes para cada autor. Um consenso sobre o tema é praticamente impossível, mas sabe-se que hoje, estabilizar os resultados do tratamento por um longo período pode ser mais difícil do que colocar os dentes na posição ideal. Devido a isso, é importante que o paciente esteja consciente desde o início do tratamento, que a ortodontia trabalha com metas e não com prazos. Explico: após o tratamento ativo, a meta é manter os dentes em posição até que não haja mais ativação celular para movimentá-los, o que é perfeitamente mensurável através de radiografias. Por exemplo: em pacientes adultos, costumo manter a contenção removível em uso contínuo (dia e noite) por no mínimo seis meses. Quanto aos dentes inferiores, mantemos em contenção fixa através de um fio colado na parte interna dos dentes da frente, indo de canino a canino, pois esta é uma das regiões mais instáveis. Após este período, reavaliamos (através das radiografias) para que o uso do aparelho removível passe a ser apenas noturno.
Em relação à limitação de dicção e articulação das palavras, bom… Tudo na vida resume-se a treino. Ou seja, para falar bem com seu aparelho de contenção, tudo que você precisa fazer é falar… Muito. Pelo menos nos primeiros dias, para que seu cérebro tenha tempo de reprogramar sua musculatura oral de maneira a soar bem. A partir daí tudo flui naturalmente e ninguém perceberá se você está ou não de aparelho.
Fonte: http://www.drmarcelotorres.com.br
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