Muitos alunos estão em final de ensino médio e têm que decidir o curso superior que irão frequentar. É um momento difícil de escolher. No meu caso, alguns fatores me levaram a escolher a área em que atuo. Muitos, pacientes, parentes e amigos me perguntam por que eu escolhi ser dentista. Acredito que a escolha foi feita por alguns fatores e experiências que tive na vida. Vou tentar resumir a minha opção pela Odontologia e depois pela Ortodontia.
Quando criança sempre visitei muitos médicos por conta de problemas de saúde e vários acidentes que sofri quando criança. Tenho várias lembranças do Pediatra Dr. Jaércio Gonçalves na Policlínica Capão Raso de madrugada me medicando nas crises de bronquite ou me consertando um braço quebrado e esfolados ou edemas em geral. Ao final das consultas sempre recebia um pirulito.
Visitava, também, regularmente, a Odontopediatra Dra. Lucy Bigolin e lembro até hoje do consultório dela em um prédio no centro de Curitiba com blocos de brinquedo na sala de espera. A entrada da sala tinha uma porta estilo saloon americano. Ela costumava presentear os pacientes com mimos em gesso para levar para casa e pintar após as consultas. Sempre tive muita admiração por estes profissionais da saúde.
Durante o período escolar sempre tive muita facilidade em disciplinas da área de exatas como matemática e física além de química e biologia. No pré-vestibular já tinha definido que gostaria de atuar na área da saúde. Prestei vestibular em algumas Universidades públicas e passei no vestibular de inverno da Universidade Estadual de Ponta Grossa em 98 para iniciar o curso no inicio de 99.
Durante a graduação, vamos descobrindo habilidades que não sabíamos e percebendo que a Odontologia é uma área muito mais vasta do que pensávamos. Ela exige muitos conhecimentos em áreas amplas como fisiologia, microbiologia, patologia, histologia, terapêutica, psicologia, sociologia além das áreas específicas clinicas da Odontologia como dentística, cirurgia, prótese, ortodontia, etc. O campo de atuação do cirurgião-dentista também é bem maior do que imaginava seja na docência, pesquisa, esporte, traumatologia forense e atualmente, harmonizador facial e coaching.
Para o clínico de consultório, como eu, a experiência nestes anos de cursos, palestras, congressos e principalmente, atendimentos conta muito. A rotina de consultório, por vezes, é um pouco solitária e cansativa. Dores no corpo e cansaço ocular acompanham nosso dia-a-dia. Se não tem auxiliar como eu, o pós-atendimento para limpeza de consultório e material, descarte de lixo, limpeza, embalo e esterilização de instrumental, preenchimento de prontuário é algo chato, repetitivo e moroso.
Depois de alguns anos clinicando decidi que era hora de me especializar em uma área dentro da Odontologia. Pela minha aptidão em física, defini que cursaria Ortodontia. Os desafios biomecânicos dos tratamentos e habilidades de construção de arcos, alças, alavancas, momentos de força, torques, etc. inerentes á especialidade são desafiadores e estimulantes. A Ortodontia, a meu ver, parece a especialidade mais distante da Odontologia do Clínico Geral em comparação às outras.
Como qualquer profissão, tem coisas boas e ruins. O mercado é cada vez mais saturado de profissionais e precisamos estar em constante evolução. A Odontologia é uma carreira que não tem tantos altos e baixos como várias que dependem de fatores macroeconômicos além de ser, normalmente longeva. A maioria dos colegas acaba se decidindo por parar em algum momento da vida. Se você pensa em cursar Odontologia, espero que possa ter contribuído para sua decisão. Eu tive um professor na graduação que dizia que um bom dentista precisa ter: a dedicação aos estudos de um médico, a habilidade de um artista plástico, a retórica de um vendedor e a paciência de um monge.
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